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CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA DE PORTIMÃO
 
património, passado e futuro
O Convento de Nossa Senhora da Esperança, situado na cidade de Portimão, está estrategicamente implantado num promontório que avança sobre o rio Arade. O conjunto monástico fundado no século XVI pertenceu aos frades menores capuchos, religiosos da ordem franciscana. Após a extinção das ordens religiosas o extinto mosteiro e a respectiva cerca foram vendidos e utilizados com diversas funções. Actualmente encontra-se devoluto e em avançado estado de ruína ameaçando o perpetuar da identidade e a memória do lugar.
Numa tentativa de valorização do extinto convento e, em simultâneo, da cidade, tendo em conta as características do lugar é proposta uma estratégia urbana cuja intervenção no edifício e na sua área envolvente permite ao lugar uma função polivalente associada ao espaço público. Através da revitalização do património com uma nova função que clarifica e fortalece a sua relação com a envolvente, o Espaço do Convento surge como rótula, como elemento catalisador e regenerador da frente ribeirinha e da cidade. Um momento que responde às necessidades específicas do lugar e tira partido das qualidades espaciais intrínsecas do edifício, num diálogo entre o proposto e o existente.
O programa através da polivalência de usos no edifício e na sua envolvente permite servir-se e usufruir de um património devoluto, resgatando os seus vínculos e relações com a frente ribeirinha e com a cidade. A estratégia descreve três intensos momentos que formam a unidade: a cerca, o jardim e o convento.
Num primeiro momento, a cerca e os seus limites são repensados. Como resposta à falta de vínculo com o território o limite ribeirinho é redesenhado. O rio reconquista espaço ao aterro, reconquista a essência do recorte original, reconquista a sua relação de proximidade com a cerca. Da redefinição nasce o muro que envolve um recinto e simultaneamente desenha um percurso junto à água. Este limite assume novas relações e articula duas realidades, onde o propósito é de manter a intimidade do lugar ao encerrá-lo e de abrir pontualmente ao exterior, através de novos espaços com programas complementares ao do convento. Num compromisso com os pontos de acesso existentes, os volumes desenhados na espessura da cerca formam entradas, assumindo-se como espaços interstícios, como mediadores na relação interior-exterior.
O recinto envolvido pelo muro é o espaço de relação entre a cerca e o convento, pensado como espaço verde, como jardim. A intervenção consciente da importância do espaço exterior envolvente na preservação do lugar, procura uma lógica que respeite e se aproxime da essência e da função original. Clarificando a topografia original, a intervenção no recinto exterior permite o desenho de um espaço verde em duas cotas pontuado por um conjunto de percursos. O jardim do convento tira proveito da vegetação existente integrando-a na nova estrutura vegetal que privilegia espécies locais.
A salvaguarda deste património depende da conservação e consolidação do espaço e da revitalização do lugar. Ao património abandonado é dada uma nova função, uma nova oportunidade, através da sua abertura à cidade com um programa recreativo e polivalente maioritariamente cultural e de usufruto público, cuja intervenção pouco intrusiva se impõe para manter as características e particularidades do espaço. A proposta compromete-se a respeitar o edifício através de uma intervenção mínima e sem profundas alterações; a redesenhar o seu espaço envolvente garantido um programa para o quotidiano da cidade, que potencie a regeneração urbana e requalificação da frente ribeirinha.
Credits: 
Image - Bruno Silva
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